sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mães sozinhas


Mães sozinhas 

LAURA GUTMAN

Somos muitas no mundo, as mães que criamos sozinhas nossos filhos, ou seja, sem conviver com mais ninguém além da criança. A maioria de nós a princípio não desejou esta situação, e frequentemente a assumimos sem saber muito bem como nos arranjaríamos. Pode ser que tenhamos engravidado estando em uma relação ocasional e, mesmo assim, sentimos que por algum motivo misterioso, esse ser tinha sido gerado e estávamos em condições de abrigá-lo, nutri-lo e levar adiante a gravidez e o parto. Ou de repente pode ter acontecido que a gravidez tenha sido planejada dentro de um relacionamento estável, mas o projeto de continuar juntos não seguiu adiante, e portanto assumimos continuar com a gravidez apesar da perda do homem amado, a dor ou o desamparo. Em muitas outras ocasiões, quem sabe sejam as mais frequentes, ocorre uma separação ou um divórcio com os filhos já nascidos. Pode acontecer do pai abandonar definitivamente a cria, por diversos motivos, e as mães não só assumam a criação, mas também a sobrevivência dos filhos, no sentido econômico da questão. A maioria das mulheres, ainda em situação de risco, de falta de dinheiro ou de maturidade emocional, ou mesmo na solidão, permanece com seus filhos.
Para abandonar uma criança, o desespero, o fato de nos sentir à beira de um abismo, a solidão extrema e o medo inundaram nossas vidas. Em compensação, se temos o mínimo de consciência de nossas capacidades de nutri-lo, se temos confiança em nós mesmas e principalmente, se recebemos de alguma forma apoio e acolhimento, permaneceremos com nosso filhos ainda que seja em condições muito desfavoráveis.
A solidão é, quiçá, o pior panorama para criar uma criança. No entanto, mais além de todas as dificuldades reais e muito concretas, ser uma “mãe sozinha” tem sim, algumas vantagens. A principal vantagem é que sabemos que estamos sozinhas. E os outros também sabem disso. O fato de que a solidão seja palpável e visível, nos permite pedir ajuda a quem estiver ao nosso redor com relativa facilidade. Este fato, que aparenta ser uma obviedade, não é quando estamos vivendo com alguém. Às vezes, o sentimento de solidão é imenso estando dentro de um casamento, mas nesses casos não é fácil reconhecê-lo, nem muito menos que o nosso entorno nos entenda como alguém sozinho e necessitado de receber companhia e apoio.
Quando criamos nossos filhos sozinhas, e além disso, quando trabalhamos porque somos as únicas proveedoras do dinheiro, não temos outra opção a não ser contar com os outros. Algumas mulheres recebemos apoio de nossas famílias, onde o apoio se constitui naturalmente: podem ser nossas mães ou nossos pais que estejam presentes, que ofereçam ajuda econômica ou inclusive, na sua função de avós, cuidem diretamente das crianças. Às vezes tem uma irmã que atua como um apoio, um grupo de amigas solidarias, ou uma rede laboral que equilibra a solidão e a resolução de problemas domésticos. Há circunstâncias onde não temos condições de pagar uma ajuda doméstica ou um berçário muitas horas por dia. Ou existe uma madrinha da criança que se compromete uma vez por semana a cuidar dele. O chefe no trabalho se torna especialmente solidário porque sabe que somos uma “mãe sozinha”. Nossas amigas se organizam os finais de semana, nos convidam a reuniões e preparam as comemorações de aniversário de nossos filhos. Longe disso ser uma situação ideal, mas resgatemos o fato de que a “solidão” é clara para todos, principalmente para nós mesmas. E dada esta clareza, podemos atuar logo na sequência.
Quase todas as pessoas se tornam solidárias com uma mãe sozinha que cria seus filhos, porque todos podemos imaginar o enorme esforço que isso demanda, além dos obstáculos que tem na vida cotidiana uma mãe que precisa cumprir a diversidade de papeis, e para que as crianças estejam bem cuidadas e bem atendidas. Essa solidariedade coletiva, é possivelmente, uma das principais vantagens. E se essa é a nossa realidade, vale a pena considerá-la.
Há também outras vantagens menores: quando o bebê é pequeno, as mães podem ter – se forem emocionalmente capazes – toda a disponibiidade afetiva para a criança. Isso porque não haverá demanda por parte do companheiro, de atenção para ele: nem de cuidados, nem ter que ouvi-lo, nem requerimentos domésticos. Ou seja, se formos capazes de nos fundir nas demandas e necessidades do outro, será completamente em benefício da criança pequena, em vez de nos dividir entre os pedidos de uns e outros. Este também não é um ponto menos importante – ainda que não estejamos acostumadas a falar abertamente sobre as ambivalências na hora de atender nosso companheiro – quando ele reclama atenção e carinho, enquanto o pequeno bebê aguarda sua vez. Este “esgotamento” que sentimos quando desejamos satisfazer as necessidades alheias, costuma ser frequente cuando estamos acompanhadas, e muito mais leve quando nos ocupamos ”somente” do bebê.
Outro fato que se dá muito mais naturalmente quando estamos sozinhas, é o se deixar fluir no contato corporal com a criança, principalmente à noite. Quando o cansaço nos aflige, quando somente queremos dormir e não temos mais forças, quando a criança chora pedindo contato e carinhos… e então não há ninguém para nos dizer o que é certo fazer, e o quê não se deve fazer. Não há ninguém para opinar a favor ou contra, ninguém para dar conselhos, ninguém para ajudar – mas ao mesmo tempo, ninguém para colocar-se no meio disso tudo. Simplesmente deitamos na cama com a criança em nossos braços, tentando dormir o quanto antes. Isso com a criança agarrada em nosso corpo e sem incomodar ninguém.
Parece uma obviedade, mas não é. A maioría de nós, mães que vivem acompanhadas e  querem tentar dormir de noite, trazem seus filhos para a cama e se deparam frequantemente com a negação do companheiro, seja por se sentir prejudicado, ou por medo, por incômodo ou por sentir que não é parte desse vínculo. No entanto, as mães sozinhas – em circunstâncias semelhantes – podem decidir unilateralmente a melhor maneira de atravessar as noites, que – isso todas nós sabemos – podem constituir a parte mais dura da criação de nossos filhos.
É lógico que estar sozinha na criação e na vida cotidiana não é maravilhoso. Todos precisamos de uma companhia, interação e diálogo. Ainda mais se estamos criando filhos pequenos. Por isso, se temos alguém, nos veremos na obrigação de imaginar outros tipos de apoio e ajudas, para que nossa experiência maternal seja o mais feliz possível, e para que as crianças recebam o amor e o acolhimento que merecem.
Pessoalmente, acredito que a melhor opção quando não há um companheiro ou alguém que dê apoio, é a rede de mulheres. Tenho certeza que fomos criados como espécie de mamíferos para viver em comunidade, e que ao longo da história constituímos tribos ou aldeias para compartilhar a vida. Hoje em dia os centros urbanos se converteram no pior sistema para criar as crianças, já que as mães estão cada vez mais sozinhas e isoladas, portanto as crianças têm poucas pessoas às quais recorrer em seus rituais cotidianos.
Precisamos reinventar um esquema antigo, mas com parâmetros modernos, sempre que  haja um conjunto de mulheres criando filhos. Não importa quantas, já que uma só mãe não consegue criar uma criança. Mas cinco mães juntas podem criar cem crianças. O segredo está no conjunto, na solidariedade, na companhia e no apoio mútuo. Nenhuma mulher deveria passar os dias sozinha, com uma criança nos braços. A maternidade é fácil quando estamos acompanhadas. Não julgadas, nem criticadas, nem aconselhadas. Simplesmente junto de outras pessoas, e na medida do possível, junto de outras mulheres que estejam experimentando o mesmo momento vital. Quando as mulheres estão trocando conversas, brincadeiras, choros ou lembranças com outras mães, resulta muito mais leve permanecer com nossos filhos. No entanto, se estamos sozinhas, acreditamos que não somos capazes, e supomos que deveríamos deixar as crianças aos cuidados de outras pessoas para poder “ocupar-nos de nós mesmas”. Frequentemente não percebemos que o problema está na solidão de permanecer junto à criança. Não em nossa incapacidade de amá-los. Por isso, insisto: é responsabilidade das mulheres reconhecer que precisamos voltar a nos reunir, que se funcionamos coletivamente e dentro de círculos femininos, a maternidade pode resultar em algo muito mais suave e doce. E que uma “mãe sozinha” é aquela que não é compreendida, apoiada, nem incentivada, ainda que ela conviva com muitas pessoas. E “mãe acompanhada” pode ser uma mulher que não tenha alguém a seu lado, mas que, no entanto, conte com o aval de sua comunidade.

quinta-feira, 26 de julho de 2012


Ministério e prefeitura apoiam partos sem médico
Município do Rio mantém unidade de saúde só com parteiras e enfermeiras. Conselho de Enfermagem entra nesta terça-feira com ação contra resolução do Cremerj
POR CHRISTINA NASCIMENTO
Rio -  As mulheres que desejam ter filhos com parteiras, doulas — acompanhantes de gestantes — ou em casa ganharam apoio de peso na causa. O Ministério da Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde afirmaram que reconhecem o trabalho dessas profissionais.
Conforme O DIA publicou nesta segunda-feira, duas resoluções do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), inéditas no País, proibiram essa atuação durante e após o parto. A prefeitura afirmou ainda que vai manter casa em Realengo, onde nascimentos são feitos com ajuda dessas profissionais.
O Cremerj também decidiu que o médico que participar do parto domiciliar será processado disciplinarmente e pode até perder o direito de exercer a profissão.

Mariana, filha de Ana Maria Braga, contou com duas parteiras e uma doula para ter Joana em casa em 2011 | Foto: Álbum de família
O Ministério da Saúde afirmou que as resoluções que passaram a valer no Rio de Janeiro não vão afetar as políticas desenvolvidas pelo governo federal.
A filha da apresentadora Ana Maria Braga, Mariana Maffei, 29 anos, deu à luz Joana em casa. Hoje ela tem um ano e meio. Para a jovem, a decisão do Cremerj é política e vai na contramão da história, já que países que são referência em obstetrícia defendem o parto domiciliar.
“As maternidades têm um ambiente hostil muito grande. Existe uma pressão para a parturiente acabar logo com o trabalho de parto e o médico ir embora. Tive a ajuda de duas parteiras e uma doula. Foi a melhor experiência da minha vida. Tenho certeza de que decisão do Cremerj vai cair”, opinou Mariana.
Atualmente, no Brasil, 98% dos partos são hospitalares. Apesar deste índice alto, ainda existem em atuação 60 mil parteiras. O Ministério da Saúde reconhece a categoria e oferece capacitação, desenvolvendo ações para valorizá-las, apoiá-las, qualificá-las e integrá-las ao trabalho ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Em nota, o órgão elogiou o trabalho das acompanhantes de gestantes: “A participação da doula é mais um instrumento humanizador do parto, pois ela acolhe e acompanha as mulheres, dando apoio emocional e incentivo não só às gestantes, mas também a seus familiares.”
Enfermeiros criticam falta de dados para embasar decisão
O Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren-RJ) vai ao Ministério Público nesta terça-feira para que seja instaurada ação civil pública contra o Cremerj. “Eles não têm número para dizer que a maternidade é mais segura. A iniciativa fere o princípio de liberdade da mulher”, critica o presidente do Coren, Pedro de Jesus.
A Secretaria Municipal de Saúde não vai alterar a estrutura da Casa de Parto David Capistrano Filho, em Realengo, onde os nascimento são feitos com o auxílio de enfermeiras obstétricas, doulas e parteiras, mesmo após as proibições.
Antes mesmo das duas resoluções, o Cremerj já não reconhecia esse modelo de unidade de saúde, porque acredita que elas não têm estrutura adequada para enfrentar parto com complicações.
No mês passado, o Cremerj solicitou ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) a punição do obstetra Jorge Francisco Kuhn, que defendeu, em programa de televisão, o direito de mulheres saudáveis optarem pelo parto domiciliar.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Luta pela Humanização do Parto

Recebemos hoje um convite da Abenfo nacional  para participar dia 05.08.2012 da Marcha pela Humanização do Parto em resposta as resoluções arbitrárias do CREMERJ contra o direito das mulheres de parir onde quiserem e proibindo a entrada nos partos hospitalares de Doulas,Obstetrizes e Parteiras ferindo o direito da mulher escolher seu acompanhante na hora do parto.Apoiamos essa Luta junto com a Abenfo pelo Direito da Muher  Gerar e Parir onde e com quem quiser
Segue o convite com as bandeiras:

Como mulher, cidadã, mãe e gestante, a favor da Humanização da assistência ao parto no Brasil, me sinto indignada com as resoluções do Cremerj publicadas no dia 19 de julho de 2012: a resolução de nº 265/12, que visa punir os médicos cariocas que prestarem assistência a partos domiciliares assim como aqueles que fizerem parte de equipes de retaguarda caso a mulher que opte por um parto domiciliar necessite de remoção a um hospital; e a resolução nº 266/12 que proíbe a participação de “doulas, obstetrizes, parteiras etc” (conforme o texto original) em partos hospitalares.
As resoluções supracitadas, além de ferir o nosso direito de escolha sobre quem nos acompanhará e o local de nascimento de nossos filhos, são opostas ao que recomenda a OMS, o Ministério da Saúde e as mais atualizadas evidências científicas. Assim, estamos organizando uma manifestação em repúdio a essas resoluções, a favor da Humanização do Parto e Nascimento e pela soberania da mulher sobre seus direitos sexuais e reprodutivos.
Convido aos cidadãos e cidadãs e instituições a participarem e apoiarem a MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO.
A MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO acontecerá no dia 05/08/2012,
com concentração às 14 horas na Praia de Ipanema, altura do posto 9.
Mulheres, homens de outros estados Sintam-se à vontade para juntar-se à nós, organizando mobilizações locais, nos moldes da Marcha do Parto em Casa, esse é o nosso momento, nossa voz está sendo ouvida! Vamos cultivar as Sementes da Humanização por todo o Brasil!
As bandeiras da MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO são:
  • Que a Mulher tenha o direito de escolher como, com quem e onde parir;
  • Pelo cumprimento da Lei 11.108 de abril de 2005. Que a mulher tenha preservado o direito ao acompanhante que ela desejar na sala de Parto;
  • Que a mulher possa ter o direito de acompanhamento de uma Doula em seu trabalho de parto e parto;
  • Que a mulher, sendo gestante de baixo risco, tenha o direito de optar por um parto domiciliar planejado e seguro, com equipe médica em retaguarda caso necessite ou deseje assistência hospitalar durante o Trabalho de Parto;
  • Que a mulher tenha o direito de se movimentar livremente para encontrar as posições mais apropriadas e confortáveis durante seu trabalho de parto e parto;
  • Que a mulher possa ter acesso a métodos naturais de alívio de dor durante o trabalho de parto, que consistem em: massagens, banho quente, compressa, etc;
  • Contra a Violência Obstétrica e intervenções desnecessárias que consistem em: comentários agressivos, direcionamento de puxos, exames de toque, episiotomia, litotomia, etc;
  • Pela fiscalização das altas taxas de cesáreas nas maternidades brasileiras e que as ações cabíveis sejam tomadas no sentido de reduzir essas taxas;
  • Pela Humanização da Assistência aos Recém-Nascidos, contra as intervenções de rotina;
  • Que a mulher que optar pelo parto domiciliar tenha direito ao acompanhamento pediátrico caso deseje ou seja necessário.
Todas as nossas bandeiras são respaldadas por evidências científicas e recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Federação Internacional de Ginecologia e Obstetricia (FIGO), Ministério da Saúde entre outras.
Chegou a hora de darmos um basta à mercantilização do parto e nascimento, não somos rebanho, não somos mercadoria, somos Humanos e temos o direito de receber nossos filhos cercados de amor, paz e, primordialmente, RESPEITO!
Contamos com seu apoio, divulgação e presença!
Maria Antonieta Oliveira
MARCHA PELA HUMANIZAÇÃO DO PARTO
Organizadoras:
Maria Antonieta Oliveira: 21-8416-2787/ antonieta.oliv@gmail.com
Ana Kacurin Contato: (21) 8817-3993
Assessoria de Imprensa:
Ellen Paes (21) 8724-3139
Apoiadoras na promoção e organização:
Paula Ceci Villaça: (21)8603-1925 / paulaceci78@yahoo.com.br
Renata Souto Deprá: (21) 81351139 e 22326569/ renata@espacomamifera.com.br
Roberta Calábria / 22 9705-8813 (vivo) / contato@eccomama.com.br
Thalita Dol Essinger / 21 94917104 / thalitadol@gmail.com
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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Meu poema favorito


“... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.”
Miguel Sousa Tavares

Direito de Escolher
cont.da reportagem Parteiras Urbanas




Apesar de não ser uma gestante jovem, Maria tinha saúde de sobra. E a princípio qualquer mulher saudável está apta a ter parto normal e 100% natural, inclusive em casa. Esta, aliás, é uma decisão que deve ser tomada por ela, por mais ninguém. Até os profissionais mais contrários ao parto domiciliar concordam que é direito da mulher escolher como quer ter filho. 'Desde que a gestante seja bem orientada sobre riscos, vantagens e desvantagens de cada procedimento, sua vontade tem de ser respeitada', ressalta Ymayo. Essencial é ter um pré-natal completo e confiável.


A professora de inglês paulista Ana Carolina Wiechmann Elvezio, de 26 anos, custou a realizar o parto dos sonhos. Só conseguiu na terceira tentativa, depois de passar por uma cesariana e por um parto normal 'mecanizado'. 'Na segunda gravidez, já conhecia o parto humanizado, mas não achei quem me atendesse em domicílio e as casas de parto não me aceitavam por causa da cesariana anterior. Acabei parindo no hospital, com um plantonista e intervenções médicas desnecessárias.' Quando engravidou de novo, ela decidiu que ia ser do seu jeito. E foi. 'Depois de duas horas, o bebê saiu', lembra. Além dela, apenas o marido assistiu ao evento. 'Foi tão rápido que a parteira só chegou depois que a Manuela já havia nascido', diverte-se.


Para a maioria dos médicos, ter o bebê em casa quando existem opções mais seguras é um risco inaceitável. 'As complicações mais comuns, como hemorragia pós-parto, podem surgir sem aviso prévio e exigem intervenção médica imediata', ressalta o obstetra Osmar Colás, secretário da Comissão Especializada em Assistência ao Parto e Tocurgia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). 'O modelo ideal, aceito pela Febrasgo, são as casas em que os partos são feitos conjuntamente por obstetriz e médico. Ou instituições como a Casa de Maria, em São Paulo, que é acoplada a um hospital', completa.


Um Ato Natural


Mas falar de parto fora do hospital soa dissonante em um país onde a maioria dos médicos parece preferir a cesariana. E, para convencer suas pacientes, usam argumentos que assutam. Às vezes afirmam, por exemplo, que a bacia é estreita ou o bebê, grande. Realmente, pode haver uma desproporção, mas isso só é diagnosticado no fim do trabalho de parto, explica Kuhn. Um médico jamais poderia marcar antes uma cesariana por isso. E há argumentos que simplesmente não procedem, como cordão umbilical enrolado no pescoço. 'Ocorre com cerca de 30% dos bebês, mas não há perigo de asfixia', diz Kuhn. A chave da questão é que o parto normal pode levar de 12 a 24 horas. A cesariana é rápida e exige menos decisões de última hora do médico. 'Além da insegurança, os obstetras não querem perder horas com um trabalho de parto para ganhar a mesma remuneração da cesariana, na qual gastam uma hora', avalia Colás. Só uma mudança cultural faria o parto normal voltar a ser encarado por todos como o que de fato ele é: um ato fisiológico, natural, para o qual 85% das mulheres estão preparadas. Assim, o número de cesarianas poderia cair para os 15% a 20% recomendados pela OMS. Se dependesse só da vontade das parturientes, isso já teria acontecido. Em estudo de 2001, cerca de 80% das 1.136 grávidas brasileiras ouvidas declararam preferir o parto normal. Apenas metade delas conseguiu um.

Parteiras Urbanas

Parteiras urbanas
Cada vez mais mulheres trocam a segurança do hospital pelo aconchego do lar na hora de ter bebê. Não à toa, surge uma nova leva de parteiras, que são enfermeiras especializadas e atuam em grandes cidades
texto: Danae Stephan 
fotos: Egberto Nogueira

No Brasil, país onde são realizadas por ano 1,2 milhão de cesarianas, 40% dos nascimentos - e esse índice chega a 90% em certos hospitais particulares -, conseguir um parto normal já é uma vitória. Mas para algumas mulheres isso não basta. Elas querem ter filho fora do hospital, em local acolhedor, onde o ritmo do seu corpo seja respeitado. E sem procedimentos médicos como jejum, lavagem intestinal, soro ou episiotomia, corte lateral na vagina feito em 70% a 80% dos partos normais, embora se recomende não passar dos 20%, por risco de complicações para a mãe. Interessadas em resgatar o que parece ser mais natural, essas mulheres preferem dar à luz no aconchego do lar ou em casas de parto, onde são atendidas por uma parteira. Nada a ver com aquela figura tradicional, que atua basicamente em regiões inóspitas, com pouquíssima estrutura, cobrindo o buraco da falta de médicos e hospitais. As novas parteiras urbanas são enfermeiras especializadas, ou obstetrizes, e acreditam no que chamam de 'parto humanizado'.
E o que é exatamente isso? 'É a execução de um conjunto de normas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que visa melhores resultados para a mãe e para o bebê', resume o diretor técnico do Hospital Geral Santa Marcelina do Itaim Paulista, em São Paulo, Marcos Ymayo. Entre as várias recomendações da OMS estão respeitar o local selecionado pela mãe para o nascimento do seu bebê, dar liberdade de escolha da posição do parto e não usar rotineiramente a episiotomia. Para Suely Carvalho, coordenadora da organização não-governamental Cais do Parto, de Recife, parto humanizado é aquele que envolve muito pouca ou nenhuma intervenção (anestesia, por exemplo, nem pensar) e no qual a mulher pode manter o tempo todo o controle do nascimento.
'Decisões como dar à luz de cócoras ou na água e por quanto tempo ficar com o bebê no colo após seu nascimento deveriam sempre ser tomadas pela gestante, não por médicos ou enfermeiras', reforça Ana Cris Duarte, criadora do site www.amigasdoparto.com.br. Um parto humanizado envolve ainda a presença do companheiro - ou de alguém da família -, um direito garantido pelo Ministério da Saúde desde 2004 em todo o território nacional. Em nascimentos fora do hospital, procura-se respeitar tudo isso.
Em países como Holanda, Japão e Suécia, os partos domiciliares ultrapassam os 30% do total. Na Itália, esta é uma opção oferecida à futura mamãe já na primeira consulta do pré-natal. No Brasil, não há sequer números confiáveis para medir a quantidade de parteiras em atividade. 'O último levantamento oficial foi feito há 14 anos e não contemplava as regiões Sul e Sudeste', diz Suely. Na época, foram contadas 60 mil parteiras. Em outras palavras, o movimento pró-parto humanizado por aqui ainda é incipiente. Mas já dá sinais de que veio para ficar. Há hoje no país cerca de meia dúzia de casas de parto - duas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro, duas em Minas Gerais e uma no Ceará. Até a prestigiada Universidade de São Paulo (USP) criou o curso de obstetriz na unidade da Zona Leste, para formar profissionais preparados técnica e psicologicamente.
'Foi uma grande sacada da USP. A demanda por esses profissionais só tende a crescer, em virtude da pressão de mulheres que querem voltar a ser donas do processo do parto', diz o obstetra Jorge Kuhn, professor da Universidade Federal de São Paulo, ele próprio um 'parteiro urbano', já que vai em domicílios paulistanos trazer bebês ao mundo. Verdade: cada vez mais gestantes lutam para ter um parto normal e fora do hospital. 'As mulheres que me procuram precisam batalhar pelo que querem, ir atrás de informações por conta própria', diz Vilma Nishi, parteira em ação na capital paulista.
A produtora cultural pernambucana Maria Vasconcelos de Oliveira realmente teve de nadar contra a corrente. Quando engravidou, aos 40 anos, ela foi pressionada durante os nove meses para marcar cesariana. 'Não sabia nada sobre gravidez, mas as informações médicas que recebia não batiam com as mensagens do meu corpo', conta. 'Eu não estava doente e nunca pensei em ter meu bebê em hospital.' Ao conhecer a Cais do Parto, conseguiu informações suficentes para ter certeza de que daria à luz em casa. Com a ajuda de Suely, Clara, hoje com um ano e meio, nasceu com 3 quilos e 52 centímetros, sem complicações ou sustos.




Enfermeira Obstetra Rosimeire em atendimento domiciliar à gestante Diane Medeiros (dez 2011)

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Documentário Hanami


Doulas


Quem são as Doulas?  


O que significa "doula":


A palavra "doula" vem do grego "mulher que serve". Nos dias de hoje, aplica-se às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes, durante e após o parto. 


Antigamente a parturiente era acompanhada durante todo o parto por mulheres mais experientes, suas mães, as irmãs mais velhas, vizinhas, geralmente mulheres que já tinham filhos e já haviam passado por aquilo. Depois do parto, durante as primeiras semanas de vida do bebê, estavam sempre na casa da mulher parida, cuidando dos afazeres domésticos, cozinhando, ajudando a cuidar das outras crianças. 


Conforme o parto foi passando para a esfera médica e nossas famílias foram ficando cada vez menores, fomos perdendo o contato com as mulheres mais experientes. Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com sua função bastante definida no cenário do parto. 


O médico está ocupado com os aspectos técnicos do parto. As enfermeiras obstetras passam de leito em leito, se ocupando hora de uma, hora de outra mulher. As auxiliares de enfermeira cuidam para que nada falte ao médico e à enfermeira obstetra. O pediatra cuida do bebê. Apesar de toda a especialização, ficou uma lacuna: quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula ou acompanhante do parto. 


O ambiente impessoal dos hospitais, a presença de grande número de pessoas desconhecidas em um momento tão íntimo da mulher, tende a fazer aumentar o medo, a dor e a ansiedade. Essas horas são de imensa importância emocional e afetiva, e a doula se encarregará de suprir essa demanda por emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar. 


O que a doula faz? 


Antes do parto a ela orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.


Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc.. 


Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.


A doula e o pai ou acompanhante 


A doula não substitui o pai (ou o acompanhante escolhido pela mulher) durante o trabalho de parto, muito pelo contrário. O pai muitas vezes não sabe bem como se comportar naquele momento. Não sabe exatamente o que está acontecendo, preocupa-se com a mulher, acaba esquecendo de si próprio. Não sabe necessariamente que tipo de carinho ou massagem a mulher está precisando nessa ou naquela fase do trabalho de parto. 


Eventualmente o pai sente-se embaraçado ao demonstrar suas emoções, com medo que isso atrapalhe sua companheira. A doula vai ajudá-lo a confortar a mulher, vai mostrar os melhores pontos de massagem, vai sugerir formas de prestar apoio à mulher na hora da expulsão, já que muitas posições ficam mais confortáveis se houver um suporte físico. 


O que a doula não faz? 


A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.


Vantagens 


As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode: 
diminuir em 50% as taxas de cesárea 
diminuir em 20% a duração do trabalho de parto 
diminuir em 60% os pedidos de anestesia 
diminuir em 40% o uso da oxitocina 
diminuir em 40% o uso de forceps. 

Embora esses números refiram-se a pesquisas no exterior, é muito provável que os números aqui sejam tão favoráveis quanto os acima mostrados. 


Fonte: Ana Cris Duarte
www.doulas.com.br

Parto Ativo


O conceito de Parto Ativo foi desenvolvido pela educadora perinatal Janet Balaskas, na Inglaterra. 


Parto Ativo significa que a mulher é quem faz o seu bebê nascer. 


Não é o médico quem faz o parto. 


Não é a parteira quem faz o parto. 


É a mulher, seu corpo, sua mente e sua alma. Claro que não existe Parto Ativo sem uma equipe que aceite neutralizar sua participação em favor do protagonismo da gestante. 


Portanto para um parto verdadeiramente ativo é necessário uma mulher ativa, um acompanhante (o pai do bebê ou Doula), um bebê e alguém que fique ao lado apenas verificando se tudo está bem, sem intervir no processo natural do nascimento (médico ou parteira).

O corpo da mulher já vem preparado para o parto, e até mesmo mulheres em coma conseguem ter partos normais. Sedentárias, ginastas, ativas, magras, gordas, altas ou magras, todas as mulheres têm a capacidade inata de permitir que o bebê viva, se desenvolva e nasça através de seu corpo. No entanto o parto é um processo dinâmico, no qual o bebê faz uma série de movimentos através da pelve, até que possa sair para a luz. Ele desce, insinua seu crânio pela bacia pélvica, dobra o pescoço, gira, colabora. Enquanto isso a mãe se move, anda, muda de posição, pende apoiada pelo companheiro, acocora, deita. Como quando tentamos tirar um anel justo do dedo, só o movimento é que permite que um deslize ao redor do outro.

Se permitimos que a mulher adote todas as posições que lhe parecem confortáveis, se possibilitamos a liberdade de movimento e ações, se o ambiente do parto for propício para essa liberdade, mãe e bebê encontrarão a fórmula para a travessia que eles têm que fazer. Por isso é fundamental que no ambiente do parto sejam oferecidos os elementos fundamentais para um parto ativo:

- Privacidade: se a mulher não tiver privacidade, ela fica tolhida em sua liberdade e deixa de se movimentar de acordo com sua vontade.

- Opções à cama: deitar é em geral a última coisa que uma mulher quer fazer em trabalho de parto, de forma que ela precisa ter opções como a bola suíça, cavalinho, banqueta de parto, almofadas, cadeira, poltrona, etc...

- Equipe: é importante que as mulheres sejam acompanhadas por pessoas que estejam acostumadas ao conceito de parto ativo, como as doulas, enfermeiras obstetras e médicos obstetras motivados e seguros em relação ao parto natural.

- Recursos não farmacológicos para a dor do parto: sendo o parto um processo lento e muitas vezes doloroso (especialmente no pico das contrações), é fundamental que a mulher possa ter à mão os recursos para lidar com essa dor, como chuveiro, banheira, bolsa de água quente, chás e o que mais for possível dentro do contexto.

- Prioridade para o parto natural: para que a mulher se sinta no controle da situação, ela precisa vivenciar o processo da forma como a natureza propôs, ou seja, sem o artifício do jejum, da ruptura artificial da bolsa das águas, do uso de soro com hormônio (ocitocina), forças dirigidas, etc...

Dentro dessa filosofia de atenção ao parto, os procedimentos médicos são destinados apenas às situações especiais, que não deveriam superar uma pequena porcentagem do total de mulheres saudáveis. O parto sempre será um processo normal e natural, para o qual as mulheres continuam estando preparadas, independente de não lavarem mais roupas à beira do rio acocoradas. Basta que deixemos as grávidas em paz e que lhes ofereçamos o mínimo necessário para o conforto, e elas saberão o que fazer.


Se você está grávida e deseja ter um Parto Ativo, leia, pesquise, pergunte, questione seu médico, questione a maternidade onde vai ter seu bebê, faça um plano de parto, procure um grupo de apoio, faça seu acompanhante entender a importância desse processo para você e seu bebê. Não entregue o seu corpo, seu bebê e seu parto nas mãos de outros. Eles lhe pertencem.
http://partonaturaljundiai.blogspot.com.br/p/parir-naturalmente.html 
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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Epi- No


Preparação do Perineo

Períneo: o parto não é o vilão
Apontado como principal causa de disfunções sexuais e incontinência urinária entre mulheres, o parto é apenas um entre muitos fatores. A boa notícia é que existem maneiras de preparar o períneo para diminuir o risco de lesões
Por Luciana Benatti
Como será o sexo depois do parto? E se a vagina ficar larga, frouxa? Essa preocupação, muito comum entre as mulheres – e homens, é claro – nos meses que antecedem a chegada de um filho, tem origem numa ideia arraigada na cultura brasileira: a de que a passagem do bebê pela vagina deixará os músculos flácidos, comprometendo a vida sexual da mulher.
Essa associação entre parto normal e danos permanentes ao períneo – musculatura ao redor da vagina e do ânus – também é comum entre os médicos, que assim aprendem inclusive nos livros. Um dos manuais de obstetrícia mais usados nas faculdades afirma que a passagem do bebê “raramente é possível sem lesar a integridade dos tecidos maternos, com lacerações e roturas as mais variadas, a condicionarem frouxidão irreversível do assoalho pélvico”.
Alguns profissionais, no entanto, contestam essa visão. Especialista em preparo perineal para o parto, a fisioterapeuta Miriam Zanetti começou a desconfiar dessa afirmação anos atrás, quando tratava incontinência urinária em mulheres na faixa dos 50 ou 60 anos. “Percebi que muitas delas tinham feito cesárea. Algumas nunca haviam engravidado”, conta.
Ao pesquisar o assunto, ela descobriu que, além do parto, existem vários outros fatores que podem causar disfunções no assoalho pélvico. A começar pela gestação, já que o peso do bebê distende essa musculatura. E também obesidade, prisão de ventre, tosse crônica e a prática de atividade física de impacto – corrida, basquete, vôlei. “O parto não é o vilão”, conclui.
É preciso considerar também a cultura de intervenção médica no parto que predomina no Brasil. Trocando em miúdos: muitas vezes o dano não é causado pelo parto em si, mas por procedimentos médicos realizados sem necessidade. O melhor exemplo disso é a episiotomia, corte no períneo feito rotineiramente nas maternidades brasileiras sob o argumento de evitar lesões nessa musculatura. Uma tese há muito derrubada pelas evidências científicas.
“Na episiotomia são cortados pelos menos três músculos. E músculo cortado é difícil de reabilitar”, explica Miriam. “Dizem que basta uma sutura bem feita para deixar tudo bonitinho depois, mas não é apenas a estética que deve ser preservada e sim a função.” No Brasil, a taxa de episiotomia chega a 90%. Na Suécia, é de 10%. “Existe um movimento no mundo inteiro para reduzir essa intervenção no parto normal, mas aqui a maioria dos profissionais ainda não acredita no que afirmam as evidências científicas”, lamenta Miriam.
Treino para o parto
Sustentar os órgãos pélvicos, manter a continência urinária e fecal e desencadear o reflexo orgásmico na relação sexual são as três funções da musculatura do períneo. Para preservá-las, é preciso manter essa região fortalecida a vida inteira, o que a maioria das mulheres consegue apenas com a prática de exercícios de contração e relaxamento.
Outra propriedade importante desses músculos, o alongamento, é necessária numa única situação: o parto. E pode ser “treinada” no final da gravidez. “É um trabalho preventivo. Se o músculo pode alongar, vamos alongar”, sugere. A questão é: como? Existem duas formas, ambas igualmente eficazes: a massagem perineal e o uso do aparelho alemão Epi-no.
A massagem consiste em introduzir o dedo na vagina e deslocá-lo de um lado ao outro, pressionando em todos os sentidos. Como lubrificante, pode-se usar um óleo de preferência da gestante, como o de coco ou o de semente de uva, ou KY Gel, que é hipoalergênico. A massagem pode ser feita por um profissional, pela mulher ou mesmo pelo parceiro.
O Epi-no (o nome vem de “episiotomia, não”) possui um balão de silicone que deve ser colocado na vagina e insuflado, uma ação que distende os músculos da região em todos os sentidos. “É o mesmo movimento que acontece durante o parto: a cabeça fetal pressiona o assoalho pélvico, que distende para o bebê sair”, explica Miriam.
Epi-no: modo de usar
O balão deve ser introduzido na vagina, insuflado até o limite individual de cada mulher e mantido assim por cinco minutos. “No manual fala-se em vinte minutos, mas não precisa”, aconselha Miriam. Depois é só tirá-lo devagarinho. E repetir esse treino todos os dias. “Além do alongamento, a mulher tem a percepção de como é a saída de algo redondo, que parece a cabeça do bebê. Com isso consegue entender o que fazer durante o parto, como relaxar a musculatura perineal”, explica. Segundo ela, essa percepção é a úncia vantagem do aparelho em relação à massagem. “Embora o Epi-no esteja na moda, os dois têm o mesmo efeito para o alongamento da musculatura. A diferença é essa sensação, que deixa as gestantes mais seguras para o parto, pois já sabem como será”.
Cabe aqui um alerta: o Epi-no deve ser usado preferencialmente após a instrução de um profissional especialista em assoalho pélvico, acostumado com a avaliação dessa musculatura. “Tenho visto muita gente utilizando o aparelho incorretamente, inclusive por tempo muito maior do que o necessário ou numa profundidade inadequada”, adverte a fisioterapeuta. “Não é um procedimento totalmente isento de risco. E algumas gestantes já precisaram suspender o uso, pois sangravam muito. Uma sentia a pressão baixa, com sensação de desmaio”, explica.
Os depoimentos de mulheres que fizeram algum tipo de preparo perineal para o parto (leia abaixo) mostram bons resultados. Assim como revelou a tese de doutorado da fisioterapeuta. “Estudei 230 parturientes que foram avaliadas com o Epi-no. Depois do parto verifiquei o que havia acontecido com o períneo delas. Fizemos a análise estatística e concluímos que aquelas que atingiam 21 cm de perimetria (o perímetro da abertura da vagina, medido com fita métrica) tinham cinco vezes mais chance de ficar com o períneo íntegro no parto.”
Desde que começou a trabalhar com preparação perineal, Miriam tem visto o número de pacientes crescer bastante. “A maioria das mulheres vem ao consultório porque comprou o Epi-no e quer saber como usar.” Na consulta, ela avalia a força muscular e ensina a fazer a massagem perineal e a usar o aparelho. As gestantes que têm o períneo muito rígido precisam voltar semanalmente. Outras, com períneo flexível, voltam em quatro ou cinco semanas. Algumas nem precisam voltar. “Não se sabe ainda o que determina essa capacidade. Às vezes, sem nenhum preparo, o períneo já é excelente.”
É certo que o preparo aumenta as chances de manter o períneo íntegro, mas não há como garantir de não haverá lesão durante o parto. “Existem diversas outras variáveis. Às vezes pode ser necessária uma episiotomia ou alguma outra intervenção. Mas acho interessante ir para o parto sabendo se você tem mais ou menos chance ficar com o períneo íntegro”, afirma Miriam, que sugere uma avaliação a todas as mulheres a partir de 32 semanas de gestação.
Epi-no: como comprar
Fabricado na Alemanha pela Tecsana, o Epi-no Delphine Plus ainda não é vendido no Brasil nem nos Estados Unidos, apenas na Europa, Canadá e Austrália. A empresa mineira Inove já pediu o registro do produto e aguarda apenas a liberação 

como dar banho de balde



Banho de Balde - Ofurô
O banho do bebê pode ser um momento de relaxamento através da imersão em água quente como num delicioso banho de ofurô. Dar banho no balde, com água aquecida entre 37 e 38º graus cria uma sensação de retorno intrauterino, tornando o banho relaxante e analgésico, ajudando a amenizar cólicas e propiciar um bom sono ao bebê.Pode ser dado desde recém nascido, só como banho relaxante com o bebê embrulhadinho, ou nu, para que a higiene seja feita também. Para os recém chegados, o banho no baldinho - ofurô deve ser feito com a ajuda de mais uma pessoa, sendo que uma segura o bebê e a outra faz a higienização.Depois, quando o bebê começa a ficar mais firminho, dar banho no balde é muito mais fácil e tranqüilo, especialmente porque o bebê se sente muito mais seguro na posição semelhante à que ele estava no útero materno, fazendo com que ele adore o banho desde cedo!
No inverno, o balde se torna a melhor opção para que os pequenos não sintam o desconforto do frio durante o banho porque ficam submersos com a água aquecida até a altura dos ombros. É claro que nunca devemos deixar a criança sozinha na água, por nenhum momento, uma regra de segurança básica de qualquer banho para bebês, seja na banheira tradicional ou no balde.
Uma opção diferente que pode vir acompanhada de massagem especial para bebês, conhecida como Shantala, além de aromaterapia com óleos essenciais e cromoterapia.
Já existe no mercado um balde apropriado para os banhos no bebê, o TummyTub, porém, dá pra usar um balde de plástico comum de 15 a 18 litros, desde que ele tenha borda larga e alça reforçada.
http://jardimdeom.blogspot.com.br/2010/07/banho-de-balde-ofuro.html