terça-feira, 10 de julho de 2012

O parto domiciliar (Primaluz )


O parto domiciliar é seguro?
As evidências científicas têm mostrado que o parto domiciliar planejado, assistido por profissional qualificado é uma alternativa segura para a grande maioria das mulheres.
Destacamos a seguir o parecer de renomadas instituições internacionais sobre o parto fora do hospital.
“Pode-se afirmar com segurança que uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura e no nível mais periférico onde a assistência for viável e segura. No caso de uma gestante de baixo risco, este local pode ser a sua casa, um centro de parto de pequeno porte ou talvez a maternidade de um hospital de maior porte. Entretanto, deve ser um local onde toda a atenção e cuidados estejam concentrados em suas necessidades e segurança, o mais perto possível de sua casa e de sua própria cultura.” Organização Mundial de Saúde, 1996 (Maternidade Segura – Assistência ao Parto Normal: um guia prático)
“Reconhecendo as evidências de que o parto de mulheres saudáveis, que não são consideradas de risco após avaliação criteriosa por profissionais capacitados, pode ocorrer de maneira segura em vários locais, incluindo centros de parto extra-hospitalares e sua própria casa…a APHA (American Public Health Assosciation) apóia iniciativas para aumentar o acesso à assistência materno-infantil fora do hospital…” (Associação Americana de Saúde Pública, publicado no American Journal of Publica Health, Vol 92, No. 3, Março 2002).
“Vários estudos metodologicamente adequados compararam os resultados entre partos domiciliares planejados com partos hospitalares para mulheres com características semelhantes. Uma metanálise destes estudos mostrou que não houve nenhum caso de morte materna e nenhuma diferença estatisticamente significativa no risco de mortalidade perinatal.” (Guia para atenção efetiva na gravidez e no parto. Murray Enkin, et al. 2005. Publicação com as evidências científicas do grupo de estudos de Saúde Materno-infantil da Biblioteca Cochrane)
No início de 2005 foi publicado pelo periódico inglês British Medical Journal (BMJ) um estudo epidemiológico que analisou mais de 5.000 partos domiciliares acompanhados por parteiras graduadas nos Estados Unidos e Canadá. Esta pesquisa mostrou resultados muito favoráveis ao parto domiciliar. Os partos domiciliares, quando comparados aos hospitalares, tiverem menor taxa de intervenções médicas, mas com a mesma segurança em relação à mortalidade materna e neonatal (Johnson; Daviss, 2005).
Quais são as vantagens de um parto domiciliar comparado ao parto hospitalar?
O parto em casa, comparado ao parto hospitalar, reduz:
• O risco de infecções
• O risco de intervenções desnecessárias potencialmente prejudiciais à mulher e ao bebê.
• Complicações maternas proveniente de intervenções desnecessárias
• A interferência na formação do vínculo mãe-bebê e amamentação que podem ocorrer em função das rígidas rotinas hospitalares.
O parto domiciliar propicia à mulher e sua família:
• Ambiente seguro, aconchegante e familiar para o trabalho de parto e parto
• Assistência segura centrada nas necessidades da mulher
• Garantia do uso adequado da tecnologia disponível para assistência ao parto.
As mulheres que deram à luz em casa descrevem um sentimento muito forte de “empoderamento” e confiança em sua capacidade de dar à luz a seu filho. Elas mencionam também uma inversão na relação de poder com os profissionais de saúde, uma vez que estes são convidados em suas casas e precisam se adaptar ao ambiente e não o contrário, como ocorre nos partos hospitalares.
É possível um parto domiciliar após cesariana?
Tanto no hospital quanto no domicílio, é possível o parto normal após a cesariana.
No entanto, após a cesariana é desejável que se evite a utilização de intervenções que potenciliazam o risco de rotura uterina, como a infusão de ocitocina e a administração de analgesia.
No parto domiciliar estes procedimentos não são utilizados, o que aumenta a chance de sucesso na tentativa de parto normal, com maior segurança para mãe e bebê.
É possível receber anestesia no parto domiciliar?
Existem várias formas de alivio da dor que estão disponíveis num parto domiciliar, como a imersão na água (piscina de parto), banho de chuveiro, massagem,técnicas de relaxamento, liberdade de poisções durante as contrações. Existem também várias técnicas de gerenciamento da dor que você mesma pode controlar que ajudam muito.
Você não poderá tomar a anestesia peridural em casa. Se você achar, durante o trabalho de parto, que realmente quer a anestesia, a transferência para o hospital será feita para que isso seja possível. Você poderá achar a espera difícil, mas mantenha em mente que mesmo mulheres que tem um parto planejado no hospital muitas vezes também precisam esperar para receber a peridural.
Para minimizar ao máximo esta espera, sua parteira poderá ligar com antecedência para o anestesista assim que você decidir pela transferência, para garantir que ele já esteja preparado no hospital para realizar o procedimento o mais breve possível.
Como é feito o atendimento ao recém-nascido nos partos domiciliares?
A maioria das parteiras normalmente leva equipamentos de reanimação neonatal para partos domiciliares e todas devem ter treinamento em reanimação neonatal. A maioria dos métodos de reanimação usados em hospitais está disponível para partos domiciliares (cilindro de oxigênio, sonda para aspiração de vias aéreas, ambu e máscara, laringoscópio e cânula para entubação).
O atendimento ao parto por duas parteiras também torna o procedimento mais seguro. Se por ventura tanto a mãe quanto o bebê necessitarem de ajudam logo após o parto, cada profissional estará disponível para cada um.
Ainda assim, se o casal se sentir mais seguro, é possível também contratar um pediatra neonatologista para acompanhar o nascimento em casa.
O que é reanimação neonatal?
“Reanimação neonatal” é um termo que se usa para várias medidas diferentes que objetivam encorajar ou possibilitar um recém-nascido a respirar por si próprio. As formas mais comuns incluem:
· Estimular o bebê massageando sua pele
· Aspirar a boca e o nariz com, por exemplo, uma perinha ou uma pipeta de aspiração para remover muco e secreções que podem estar obstruindo as vias aéreas.
· Ventilar o bebê – dando ar e oxigênio pressurizado. Isso pode ser feito com um “ambu”, que a parteira opera manualmente, ou por entubação, onde um tubo é colocado na traquéia e que pode ser ligado a um aparelho de ventilação.
As diretrizes da Organização Mundial de Saúde para reanimação de recém-nascidos incluem informações sobre como ventilar um bebê usando ambu e máscara. Note-se que é a mesma recomendação para primeiros socorros, não importando onde o bebê nasceu.
Todos os bebês precisam de manobras de reanimação neonatal?
Não. Tanto no parto domiciliar como hosptalar, bebês que nascem bem, vigorosos, não necessitam de nenhuma manobra de reanimação.
Um estudo do National Birthday Trust Fund da Inglaterra sobre partos domiciliares mostrou que bebês planejados para nascer em casa têm menos chances de precisar de qualquer forma de reanimação do que bebês planejados para nascer no hospital.
Você pode ler essas pesquisas na íntegra no site do British Medical Journal (http://bmj.bmjjournals.com)
O que as parteiras (enfermeira obstetras) costumam levar para o atendimento ao parto domiciliar?
Parteiras levam para partos domiciliares as mesmas medicações que são usadas para expelir a placenta e contrair o útero que se usam em hospitais.
Vale lembrar que o risco de hemorragia é significantemente menor no parto domiciliar do que num parto hospitalar. O risco de hemorragia pós-parto aumenta com intervenções como fórceps, indução de trabalho de parto e cesarianas, que são feitas somente no hospital.
Para o bebê, pedimos para o casal providenciar várias toalhas disponíveis, e nós as aquecemos quando chega perto da hora do bebê nascer.
É importante também ter disponível uma superfície reta e firme onde se possa realizar as manobras de reanimação (uma bandeja grande é portátil, o chão funciona bem para uma emergência, o topo de uma cômoda ou um trocador é o ideal) num quarto quente e sem vento.
Nós levamos sempre equipamento para aspiração manual em caso de mecônio ou outra obstrução das vias aéreas; oxigênio e um ambu, com vários tamanhos de mascaras diferentes para bebês de tamanhos diferentes, para inflar os pulmões; máscara de Gudel – útil quando as narinas do bebê não funcionam, para que ele possa respirar pela boca.
Primaluz  - Parteiras Contemporâneas

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