O parto domiciliar é seguro?
As evidências científicas têm
mostrado que o parto domiciliar planejado, assistido por profissional
qualificado é uma alternativa segura para a grande maioria das mulheres.
Destacamos a seguir o parecer de
renomadas instituições internacionais sobre o parto fora do hospital.
“Pode-se afirmar com segurança
que uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura e no nível mais
periférico onde a assistência for viável e segura. No caso de uma gestante de baixo
risco, este local pode ser a sua casa, um centro de parto de pequeno porte ou
talvez a maternidade de um hospital de maior porte. Entretanto, deve ser um
local onde toda a atenção e cuidados estejam concentrados em suas necessidades
e segurança, o mais perto possível de sua casa e de sua própria cultura.”
Organização Mundial de Saúde, 1996 (Maternidade Segura – Assistência ao Parto
Normal: um guia prático)
“Reconhecendo as evidências de
que o parto de mulheres saudáveis, que não são consideradas de risco após
avaliação criteriosa por profissionais capacitados, pode ocorrer de maneira
segura em vários locais, incluindo centros de parto extra-hospitalares e sua
própria casa…a APHA (American Public Health Assosciation) apóia iniciativas
para aumentar o acesso à assistência materno-infantil fora do hospital…”
(Associação Americana de Saúde Pública, publicado no American Journal of
Publica Health, Vol 92, No. 3, Março 2002).
“Vários estudos
metodologicamente adequados compararam os resultados entre partos domiciliares
planejados com partos hospitalares para mulheres com características
semelhantes. Uma metanálise destes estudos mostrou que não houve nenhum caso de
morte materna e nenhuma diferença estatisticamente significativa no risco de
mortalidade perinatal.” (Guia para atenção efetiva na gravidez e no parto.
Murray Enkin, et al. 2005. Publicação com as evidências científicas do grupo de
estudos de Saúde Materno-infantil da Biblioteca Cochrane)
No início de 2005 foi publicado
pelo periódico inglês British Medical Journal (BMJ) um estudo epidemiológico
que analisou mais de 5.000 partos domiciliares acompanhados por parteiras
graduadas nos Estados Unidos e Canadá. Esta pesquisa mostrou resultados muito
favoráveis ao parto domiciliar. Os partos domiciliares, quando comparados aos
hospitalares, tiverem menor taxa de intervenções médicas, mas com a mesma
segurança em relação à mortalidade materna e neonatal (Johnson; Daviss, 2005).
Quais são as vantagens de um
parto domiciliar comparado ao parto hospitalar?
O parto em casa, comparado ao
parto hospitalar, reduz:
• O risco de infecções
• O risco de intervenções
desnecessárias potencialmente prejudiciais à mulher e ao bebê.
• Complicações maternas
proveniente de intervenções desnecessárias
• A interferência na formação do
vínculo mãe-bebê e amamentação que podem ocorrer em função das rígidas rotinas
hospitalares.
O parto domiciliar propicia à
mulher e sua família:
• Ambiente seguro, aconchegante
e familiar para o trabalho de parto e parto
• Assistência segura centrada
nas necessidades da mulher
• Garantia do uso adequado da
tecnologia disponível para assistência ao parto.
As mulheres que deram à luz em
casa descrevem um sentimento muito forte de “empoderamento” e confiança em sua
capacidade de dar à luz a seu filho. Elas mencionam também uma inversão na
relação de poder com os profissionais de saúde, uma vez que estes são
convidados em suas casas e precisam se adaptar ao ambiente e não o contrário,
como ocorre nos partos hospitalares.
É possível um parto domiciliar
após cesariana?
Tanto no hospital quanto no
domicílio, é possível o parto normal após a cesariana.
No entanto, após a cesariana é
desejável que se evite a utilização de intervenções que potenciliazam o risco
de rotura uterina, como a infusão de ocitocina e a administração de analgesia.
No parto domiciliar estes
procedimentos não são utilizados, o que aumenta a chance de sucesso na
tentativa de parto normal, com maior segurança para mãe e bebê.
É possível receber anestesia no
parto domiciliar?
Existem várias formas de alivio
da dor que estão disponíveis num parto domiciliar, como a imersão na água
(piscina de parto), banho de chuveiro, massagem,técnicas de relaxamento,
liberdade de poisções durante as contrações. Existem também várias técnicas de
gerenciamento da dor que você mesma pode controlar que ajudam muito.
Você não poderá tomar a
anestesia peridural em casa. Se você achar, durante o trabalho de parto, que
realmente quer a anestesia, a transferência para o hospital será feita para que
isso seja possível. Você poderá achar a espera difícil, mas mantenha em mente
que mesmo mulheres que tem um parto planejado no hospital muitas vezes também
precisam esperar para receber a peridural.
Para minimizar ao máximo esta
espera, sua parteira poderá ligar com antecedência para o anestesista assim que
você decidir pela transferência, para garantir que ele já esteja preparado no
hospital para realizar o procedimento o mais breve possível.
Como é feito o atendimento ao
recém-nascido nos partos domiciliares?
A maioria das parteiras
normalmente leva equipamentos de reanimação neonatal para partos domiciliares e
todas devem ter treinamento em reanimação neonatal. A maioria dos métodos de
reanimação usados em hospitais está disponível para partos domiciliares
(cilindro de oxigênio, sonda para aspiração de vias aéreas, ambu e máscara,
laringoscópio e cânula para entubação).
O atendimento ao parto por duas
parteiras também torna o procedimento mais seguro. Se por ventura tanto a mãe
quanto o bebê necessitarem de ajudam logo após o parto, cada profissional
estará disponível para cada um.
Ainda assim, se o casal se
sentir mais seguro, é possível também contratar um pediatra neonatologista para
acompanhar o nascimento em casa.
O que é reanimação neonatal?
“Reanimação neonatal” é um termo
que se usa para várias medidas diferentes que objetivam encorajar ou
possibilitar um recém-nascido a respirar por si próprio. As formas mais comuns
incluem:
· Estimular o bebê massageando
sua pele
· Aspirar a boca e o nariz com,
por exemplo, uma perinha ou uma pipeta de aspiração para remover muco e
secreções que podem estar obstruindo as vias aéreas.
· Ventilar o bebê – dando ar e
oxigênio pressurizado. Isso pode ser feito com um “ambu”, que a parteira opera
manualmente, ou por entubação, onde um tubo é colocado na traquéia e que pode
ser ligado a um aparelho de ventilação.
As diretrizes da Organização
Mundial de Saúde para reanimação de recém-nascidos incluem informações sobre
como ventilar um bebê usando ambu e máscara. Note-se que é a mesma recomendação
para primeiros socorros, não importando onde o bebê nasceu.
Todos os bebês precisam de
manobras de reanimação neonatal?
Não. Tanto no parto domiciliar
como hosptalar, bebês que nascem bem, vigorosos, não necessitam de nenhuma
manobra de reanimação.
Um estudo do National Birthday
Trust Fund da Inglaterra sobre partos domiciliares mostrou que bebês planejados
para nascer em casa têm menos chances de precisar de qualquer forma de
reanimação do que bebês planejados para nascer no hospital.
Você pode ler essas pesquisas na
íntegra no site do British Medical Journal (http://bmj.bmjjournals.com)
O que as parteiras (enfermeira
obstetras) costumam levar para o atendimento ao parto domiciliar?
Parteiras levam para partos
domiciliares as mesmas medicações que são usadas para expelir a placenta e
contrair o útero que se usam em hospitais.
Vale lembrar que o risco de
hemorragia é significantemente menor no parto domiciliar do que num parto
hospitalar. O risco de hemorragia pós-parto aumenta com intervenções como fórceps,
indução de trabalho de parto e cesarianas, que são feitas somente no hospital.
Para o bebê, pedimos para o
casal providenciar várias toalhas disponíveis, e nós as aquecemos quando chega
perto da hora do bebê nascer.
É importante também ter
disponível uma superfície reta e firme onde se possa realizar as manobras de
reanimação (uma bandeja grande é portátil, o chão funciona bem para uma
emergência, o topo de uma cômoda ou um trocador é o ideal) num quarto quente e
sem vento.
Nós levamos sempre equipamento
para aspiração manual em caso de mecônio ou outra obstrução das vias aéreas;
oxigênio e um ambu, com vários tamanhos de mascaras diferentes para bebês de
tamanhos diferentes, para inflar os pulmões; máscara de Gudel – útil quando as
narinas do bebê não funcionam, para que ele possa respirar pela boca.
Primaluz - Parteiras
Contemporâneas
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